Testes com bomba nuclear na Guerra Fria permitiram que os cientistas descobrissem, somente hoje, que cerca de 1400 novos neurônios são gerados por dia no cérebro humano. Entenda
Agora, um novo estudo realizado por cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia, revela evidências diretas e inéditas de que novos neurônios são formados continuamente ao longo da vida no hipocampo, uma região do cérebro fortemente associada à memória e ao aprendizado. Mais especificamente, cerca de 700 novos neurônios são gerados por dia em cada hipocampo (o cérebro tem dois, um em cada hemisfério). O estudo, publicado na revista científica Cell, foi realizado com cérebros congelados (doados após a morte) de pessoas entre 19 e 92 anos.
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Tão interessante quanto os resultados é o método desenvolvido pelos pesquisadores para chegar até eles. Para determinar a idade dos neurônios e concluir em que momento da vida eles foram gerados, utilizou-se uma técnica de datação de carbono semelhante à que se usa na arqueologia e na paleontologia para datação de fósseis e objetos antigos.
Cientistas mediram no DNA de cada neurônio a concentração de carbono-14, um isótopo de carbono não radioativo produzido pela explosão de bombas atômicas na superfície durante os vários testes realizados na Guerra Fria entre as décadas de 1940 e 1960. Comparando a concentração de carbono-14 nas células com as concentrações de carbono-14 na atmosfera no passado, foi possível determinar em que ano cada neurônio foi gerado. Se um neurônio "nasceu" em 1995, mas a pessoa nasceu em 1965, por exemplo, isso significa que ele foi gerado na vida adulta.
O próximo passo agora é tentar determinar a importância dessa neurogênese nas funções cerebrais. Segundo cientistas, o fato de tantas células serem formadas continuamente sugere fortemente que elas têm um papel importante na manutenção das funções cognitivas do hipocampo ao longo da vida. EK